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quinta-feira, setembro 22, 2016

Os segredos que a primavera nos conta: Reflexões, Histórias e Simbolos

Spring Nymphs por Emily Balivet



Antes de mais nada é interessante dizer que esse texto foi dividido em duas partes. A primeira parte fala sobre os significados e simbolismos da primavera e porque trazer ela para o nosso dia-a-dia, e o segundo fala como traze-la para o nosso lar e corpo para desfrutar do seu equilibrio e fertilidade.

A temporada das flores
Deixe a estação entrar

Sempre tive uma dúvida muito profunda sobre o que nos separou dos animais e que nos fez parar de subir em árvore para caçar comida e nos proteger, começando a nos reunir em bando. O que nos fez parar de grunhir e começar a falar, a desenvolver escrita e toda uma atmosfera a parte da natureza. O que nos deu o título de Homo sapiens?

Que olho ou mão armaria tua feroz simetria?*

Claro que para isso não existe uma resposta única, mas é sabido que um dos acontecimentos mais marcantes para essa separação humana do mundo dos animais foi a descoberta do fogo e domínio do fogo, que nos uniu em torno de uma fogueira há 500 mil anos atrás em busca de proteção. Essa fogueira também servia para cozinhar os alimentos, e a partir desse primeiro momento de socialização da espécie humana foi criado um dos rituais mais antigos: O comer.
Art Nouveau:  
Se procurarmos no dicionário uma das definições de ritual é: conjunto das regras socialmente estabelecidas que devem ser observadas em qualquer ato solene; cerimonial.

Parafraseando Laurie Cabot em seu livro “O poder da bruxa“, o homem desde épocas memoráveis celebra as mudanças de estação, não que elas precisem da nossa comemoração para existir, mas para simbolizar que ao mesmo tempo que o mundo muda por fora, nós como parte dele mudamos por dentro.

O homem não entende o mundo por fatos, mas sim por símbolos e rituais que são traduzidos pelo nosso cérebro e forma uma complexa comunicação. Porque gostamos de alimentos quentes? Porque quando damos festas sempre usamos comida? Porque chamamos os amigos pra beber? Porque tomamos banho todos os dias? Porque beijos, abraçamos, transamos? Porque tudo isso é ritual e é símbolo de conexão não apenas com o outro, mas com todo o universo ao redor.

Comemorar a primavera não é dar uma balada em com o nome enorme “ bem vindo primavera “ (TAMBÉM PODE SER, e se você quiser pode dar e me convidar porque adoro). Comemorar a primavera é chamar ela para dentro de você, para dentro de sua casa. É chamar para a sua vida o equilíbrio, a fertilidade, o amor e a beleza destes momentos.





Primavera, Equilibrio, Renascimento, Fertilidade
VIDA


Clyte, Frederic Lord Leighton:
Clyte, Frederich Leighton
A primavera é carregada de símbolos de fertilidade e abundância, e para trazer ela para o nosso dia-a-dia precisamos entender o que ela é e como funciona o arquétipo (se não sabe o que é arquétipo clique aqui) de roda do ano.

Diferente dos cristãos que falam um ponto de partida (morte de cristo) até hoje como dois mil e dezesseis anos, as culturas voltadas a natureza entendem o ano como algo cíclico assim como a vida em si: Todos nós nascemos, crescemos, reproduzimos, envelhecemos e morremos para podermos renascer. Isso é aplicado a absolutamente tudo, ao ano, aos séculos, às eras e até mesmo às próprias divindades.

Para fins didáticos vamos começar a explicar pelo "final". Na roda o Deus-sol em ato de proteção doa sua energia vital no outono (30 de abril) o que causa a sua “morte”, tornando os ares mais frios e as plantas menos frutíferas até a chegada do Solstício de inverno (21 de julho), onde a noite é maior que o dia, simbolizando o momento de parto da deusa e o renascimento do deus-sol. A partir desse momento, a noite chegou ao ápice e aos poucos o dia fica maior, a escuridão sede a luz, a esperança crescer no coração do homem, a vida ganha vagarosamente da morte.

Já o equinócio de primavera (22 de setembro) é a consolidação do deus-sol, a volta dele para o mundo dos vivos como um garoto jovem e a sua união com a grande deusa que resulta na fertilidade da terra. O equinócio é o momento em que a noite e o dia possuem perfeito equilíbrio, tendo quase exatamente a mesma duração.

No norte da Europa existe uma uma deusa germanica que trazia a primavera e o seu nome era Eostre (Que possivelmente originou a palavra Páscoa em inglês - Easter). Essa deusa ao ouvir as suplicas de um pássaro ferido o transformou em lebre que ainda podia botar ovos e como forma de agradecimento decorou os ovos ofertando a deusa, e dai vem os ovos de pascoa (Lembrando que a primavera no norte do mundo começa no dia 21 de março).

The Return of Persephone by Frederic Leighton, 1891. Depicts Hermes bringing Persephone back to her mother:
O retorno de Persefone.
Frederich Leighton, 1891
Já na Grécia a crença da primavera estava voltada ao mito de Kore e sua mãe Demeter. Na lenda, Kore é raptada por Hades, e Demeter sem saber o que aconteceu com sua filha decidiu que a terra deveria passar fome até que ela retornasse. Pelo trato feito, Kore volta do mundo dos mortos no dia 21 de março não mais como a donzela, mas sim como Mulher e Rainha do Inferno, como Persefone.

Pelos mitos podemos ver os símbolos que permeiam a primavera, tendo o primeiro (de Eostre) o símbolo do Coelho como reprodutor e o Ovo como símbolo do renascimento. Já no mito de Kore vemos a primavera como uma transformação tanto de sua mãe que abandona o seu período de luto pela filha sequestrada, quanto na filha que decide não mais ser Kore, não mais ser vitima do destino, renascendo como rainha do mundo de baixo.

Primavera é um momento para equilibrar sua vida e deixar florescer o que você tem dentro de si. Prepare sua casa para a primavera, prepare seu corpo para a primavera, prepare seu espirito para a primavera. 

Não perca nosso próximo texto que sai semana que vem! Grande abraço :)

(*) Poema de William Blake: O Tigre

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 1989.

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: histórias de deuses e heróis. Agir Editora, 2014.

CABOT, Laurie. O poder da bruxa. 1991.

CUSACK, Carole. The goddess Eostre: Bede's text and contemporary Pagan tradition (s). The Pomegranate: The International Journal of Pagan Studies, v. 9, n. 1, p. 22, 2007.


FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo; DA GRAÇA PINHÃO, Maria. História da alimentação. 1998.



+ Confira outros posts do Heustam

HEUSTAM (Lucas Oliveira) Nutricionista e pagão, Heustam acredita que a ordem gera o caos, e por consequência o caos gera a ordem. Ama o fogo e como ele, gosta de consumir tudo ate o fim. Gosta de coisas tribais, dança, movimento corporal. 

segunda-feira, setembro 19, 2016

Celebre o Equinócio de Primavera: Ostara



O que você quer fazer florescer nessa primavera?

"Ostara" (1901) by Johannes Gehrts.

A celebração do equinócio de primavera é mundialmente conhecido pelos bruxos por "Ostara" (celebrada no dia 21 de março para aqueles que giram pelo norte e celebrada no dia 22 de setembro para aqueles que giram pelo sul, em honra da Deusa Eostre). Esse Sabbath é responsável pela fertilidade, expansão e equilíbrio entre os Sagrados Masculino e Feminino, Deus (sol) e Deusa (lua) crescem em conjunto harmoniosamente, proporcionando dias e noites iguais.

Tudo o que você toca, pensa e produz agora, se convertem em sementes.
O que você deseja plantar? Quais frutos deseja colher a curto, médio e longo prazo?
Prepare-se agora e alinhe-se a poderosa vibração da primavera.

Permita-se florescer, despertar-se, agir com o auxilio da poderosa Mãe e seus Sagrados Ancestrais para conquistar tudo aquilo que deseja. Liberte-se do inverno, das densas sombras que aprisionam a sua mente, da inércia que pode ter usurpado espaço em tua vida. É hora de RENASCER como Afrodite e permitir que o mundo conheça todos os seus potenciais!


A primavera é um momento de fazer a vida funcionar, de deixar as sementes crescerem e se transformarem. Precisa de ajuda para a vida andar? Você pode adquirir um óleo para abrir caminhos, trazer equilíbrio e fertilidade para a sua casa por apenas 15 reais. Lembre-se que o óleo é um feitiço engarrafado, então ele já foi feito e você pode leva-lo para qualquer lugar. Peça o seu agora aquihttps://www.facebook.com/chavearcana/

RITUAL PARA OSTARA

(extraído de: O Livro das Sombras de Scott Cunningham, com alterações):


- Purifique o local.
The magic circle, by John William Waterhouse
- Arrume o altar com os instrumentos sagrados.
- Enfeite-o com ovos, chocolate e flores, assim como o Círculo Mágico e se possível, você também.
- Encha o caldeirão de água e flores e coloque uma planta florescendo no altar.
- Lance o Círculo Mágico.
- Invoque os Deuses.
- Scott escreve o seguinte poema:

A Deusa liberta-se da prisão de gelo do Inverno;
É o momento do Renascimento da Natureza, quando a terra viceja novamente e o perfume das flores flutua com a brisa.
Este é o tempo do início, quando a vida se renova e quando o Deus do Sol expande-se e ergue-se, nesta estação, ansioso em sua juventude, mas pleno da promessa do Verão.

Tome o vaso da planta em suas mãos e transmita-lhe energia. Se houverem outros bruxos, que eles também transmitam energia, segurando-a. Depois decida para onde a planta deve ir: Um presente para energizar a casa de um amigo, parente, conhecido, sua própria casa ou ser deixada na própria natureza. Scott continua:

Assim como amamos esta planta; assim como amamos toda a natureza;
Que possamos nutrir em nossos corações amor por tudo que há na natureza;
Assim é o Antigo Caminho da Wicca*, amar a natureza e todas as suas criações

- Medite, faça suas preces e concentre-se no que deseja fazer florescer.
- Agradeça e desfaça o Círculo Mágico

* Eu não menciono a Wicca em meus rituais. Procuro, em vez disso, usar termos que me contemplem / eu te admoesto, verdadeiramente a escrever seus próprios poemas.



RITUAIS INFORMAIS 


Para alem dos rituais formais de Ostara, gostaríamos de lhe instigar em alguns "rituais informais":

- Compre sete flores diferentes, belas, se possível perfume-as e as entregue a alguém desconhecido na rua. Elogie-a, lembre-a que ela é perfeita como é e que quando ela se sentir triste, lembre-se de que alguém a admirou a ponto de dedicar-lhe a beleza de sete flores.


- Vá até um jardim ou uma mata, peça licença ao dono espiritual do lugar. Medite por alguns minutos, admire o silêncio da natureza e toque as duas palmas das mãos no solo. Sinta o poder da renovação, do renascimento e fertilidade subirem pelas suas veias. Diga em voz alta: Eu respeito o poder daquilo que floresce, eu acredito naquilo que floresce, eu amo tudo aquilo que floresce. Permita-me, mãe, florescer. Deixe sementes e/ou frutas no local, não deixe nenhum lixo por ali.

- Vá até uma árvore frondosa ou planta que floresce e faça um acordo: Você cuidará dela por um tempo (estipule o tempo, 7 dias, 15 dias, 1 mês inteiro) e em troca que ela te conceda a firmeza de suas raízes poderosas, a circulação majestosa que a mantem de pé, a beleza e juventude de suas flores e o poder secreto de suas sementes sagradas que multiplicam a ancestralidade da árvore/planta/flor quando entra no solo. (Cuidar aqui se refere a regar, zelar para que não haja lixo, que o espaço sempre fique limpo e bonito).

- Adote um animal de rua. Cuide dele, de sua higiene e alimentação. Peça aos Deuses em alegria que, assim como seus olhos se voltaram para cuidar daquela pequena fração da natureza, que Ela olhe para você quando todos os outros lhe virarem as costas.

Se você quer ser uma árvore centenária, lembre-se que primeiro precisa ser uma pequena e frágil semente. Feliz Ostara!

"Primavera" by Boticelli

domingo, setembro 04, 2016

WORKSHOP: MAGIA E FEITIÇARIA EM CASA



Problemas em casa?

Sente a energia pesada, estagnada e sente-se sabotado?

Passamos boa parte do nosso tempo dentro de casa. Nela armazenamos nossos tesouros, recuperamos nossas energias e construímos o nosso destino. Muitos de nós ignoramos o fato da casa ser um espaço energético que precisa ser trabalhado, para a saúde, harmonia e sucesso de cada um dos membros da família ou moradores de uma residência.

Ao desrespeitar essas energias naturais, mesmo por não ter conhecimento delas, a egrégora da casa responde impedindo que relacionamentos, trabalho, prosperidade, sucesso e saúde funcionem da forma adequada.

Então essa é a sua chance de conhecer, restaurar e utilizar cada uma das energias poderosas que habitam em sua casa, usando ervas, objetos e cúrios que já existem nela.

Desperte o poder de seu lar!


O workshop contém 3 aulas, sendo duas por vídeo e uma em um documento pdf. Assista as aulas quando e onde quiser, o workshop já está gravado e disponível para o seu acesso. O valor simbólico desse conhecimento que mudará o seu lar, suas atitudes para com a sua casa e família, fazendo com que as energias de sua casa atuem ao seu favor, é de 40 R$

Caso tenha interesse em obter esse Workshop, entre em contato pela Chave Arcana.

quarta-feira, março 02, 2016

Curso de Feitiçaria



Você tem vontade de criar os seus próprios feitiços, óleos e banhos mágicos? Então você está no lugar certo. Mas dessa vez nós lhe ofereceremos ferramentas ainda mais valiosas: um curso com instruções que mudarão sua forma de enxergar o mundo e fazer com que você coloque a "mão na massa" durante três meses. Você aprenderá a reeducar a sua mente, construir, lançar e potencializar feitiços, manipular velas e energias, produzir os seus próprios feitiços, óleos e banhos. 

Assista às aulas quando e onde quiser!

Plataforma: Curso Online via Hangout*
Investimento: R$ 75 por módulo
Duração: 3 meses


Entre em contato e tire suas dúvidas!
yuletravalon@gmail.com  ou  Via Inbox

O curso de Fundamentos e Práticas em Feitiçaria contará com um grupo de estudos exclusivo onde ocorrerão debates, serão postados os estudos dirigidos, as aulas e você terá assistência para sanar suas dúvidas. Entre em contato conosco para verificar se ainda há disponibilidade de vagas na turma e inscrever-se.

* As aulas ficarão gravadas e disponíveis em vídeos privados no youtube para que você os assista posteriormente.


MÓDULOS

Módulo 1 - O Universo É Mental
- Magia: história, termos e fundamentos;
- Relaxamento, Visualização e Meditação;
- Programação e Reprogramação;
- Ataque e Defesa Astral;

Módulo 2 - Assim É Em Cima Como Embaixo
- O círculo mágico, O Altar, Instrumentos e Consagração;
- Criando os seus Próprios Feitiços 1: Produção de Óleos e Banhos Mágicos;
- Chackras, Cura e Cores;
- Magia e Manipulação com Velas;

PARTE 3 - Tudo Vibra
- Criando os seus Próprios Feitiços 2: A Arte da Invocação, Evocação e Conjuração;
- Criando os seus Próprios Feitiços 3: Produção de Talismãs e Bonecos;
- Tecnomagick, caosmagick e popmagick

quarta-feira, junho 03, 2015

Bruxaria, Bruxaria Tradicional e Wicca - Uma breve revisão

UM PANORAMA SOBRE A BRUXARIA


Hoje em dia no mundo pagão existe uma verdadeira guerra de ignorância com muitas pessoas que sabem muito pouco e adoram falar desse pouco que sabem. Esse meu texto veio de conversas com diversas pessoas, de vertentes variadas, e vou tentar mostrar a realidade misturada com meu ponto de vista. 

A bruxaria é um oficio muito antigo, não sendo ligado a nenhum tipo de religião de forma geral. O oficio da bruxaria é herético e não conhece nenhuma autoridade religiosa além do seu clã (se possuir algum).


Procissão da flagelação - Goya
Nas palavras de Yule Travalon “A bruxaria não viveu dias gloriosos, até mesmo sob poder do Império Romano (pagão). Os sacerdotes dos colegiados pagãos detinham poder sobre as nobres artes, mas para além dessas fronteiras, o poder da mulher do campo poderia ser assustador. Augúrios, adivinhações e práticas de feitiçaria foram também perseguidas entre os pagãos, sendo que, até mesmo durante uma das primeiras perseguições aos cristãos, foram estes acusados de bruxaria. A bruxaria vivia no campo, na cozinha, nos segredos que estavam nas sombras e que povoava o imaginário popular como algo pernicioso. No Império Romano (cristão) não foi diferente, pagãos foram convertidos ao cristianismo e a bruxaria permaneceu clandestina - e sobreviveu de forma clandestina."

Quando em ocasião das últimas perseguições aos cristãos, não apenas seu culto ficou proscrito, como os bacanais (que aconteciam nos bosques pela noite em honra a Baco) e os cultos a Hécate (deusa das feiticeiras) foram também jogados na clandestinidade. Isso ocorreu em um Império Romano que era pagão, o mesmo Império que institucionalmente perseguiu os cristãos.”

Vemos isso refletido nos mitos de Hekate, Medeia e Circe: Três bruxas, mulheres incontroláveis, hereges, temidas pelos homens e que desafiavam a ordem masculina. 

Sendo a bruxaria um oficio e não uma religião, é perfeitamente compreensível que aquela mulher que é católica e fala de Jesus pratique também a sua forma de bruxaria. 

Entretanto, existem algumas religiões que em sua prática se misturam de tal forma com a bruxaria que se tornam indivisível, como no caso da Wicca. Portanto, Wicca cristã é algo que não existe por motivos óbvios. É como uma igreja evangélica e umbandista. 

A BRUXARIA TRADICIONAL


A Bruxaria Tradicional (BT), apesar de um nome só não é uma coisa única: concisa e imutável. Dependendo de grupo para grupo, a BT pode ser puramente oficio ou uma mistura inseparável dos dois. Segundo Zagreus, Sacerdote da Bruxaria Tradicional Ibérica “Em essência a Bruxaria tradicional é o oficio bruxo e feiticeiro, legado de um membro a outro, em linha sucessória de treinamento. Assim algumas possuem um forte viés religioso, em detrimento de outros que não possuem uma fé aliada a práxis, e que se mesclam a diversas fés. Na BTI (Bruxaria Tradicional Ibérica) o Oficio Bruxo e o comungar com os Deuses está estritamente entrelaçado, sendo indivisíveis um do outro. É impossível generalizar sobre a Bruxaria tradicional, graças ao fato de cada caminho ser único e ter se desenvolvido em cantos diferentes, sendo essas duas formas extremos de uma “faixa”, onde existiram tradições tendendo mais a um extremo ou a outro.”

Trocando em miúdos, a bruxaria tradicional são tradições hereditárias, passadas de geração para geração, não sendo apenas familiar mas também iniciática. 

Os BTs acreditam que a bruxaria não é um caminho de todos e que deve ser tomado com seriedade e lógica, coisa que muitos grupos não parecem ter de fato. “Não que alguém seja melhor ou pior por isso, mas simplesmente não é um caminho de todos. É estupidez achar que todo mundo vai se dar bem ou se encaixar em algo. Pintura é para todos? Politica? Sociologia? Medicina? Cristianismo? Budismo? pq bruxaria seria?” confidenciou Zagreus. 

A WICCA E SUA POPULARIZAÇÃO


Doreen Valiente tomando um chazinho com a
amigue Patricia Crowther
A Wicca é uma das formas de religião alternativa muito divulgada ultimamente. Lembro que comecei lendo por ela, assim como grande parte dos pagãos de hoje. Não por se encantar com a expressão religiosa feita aqui, mas pela facilidade de material mesmo (apesar de que hoje em dia existem vários livros disponíveis para download inclusive em nossa biblioteca virtual). 

Criada em meados do século passado, a wicca foi uma forma de religião que juntou suas práticas com a bruxaria. Na época que foi criada, as religiões alternativas estavam saindo do escuro (como o satanismo por exemplo), e uma religião pagã e bruxa teve grande mídia e muitas pessoas quiserem se iniciar. É importante salientar aqui que a Wicca Gardneriana e Alexandrina também são inciática: Ou seja, você só se torna gardneriano a partir de outros gardnerianos. 

Com a difusão da Wicca, começaram a surgir grupos que tinham práticas diversas e não ligadas a Wicca Tradicional, alegando serem iniciados pelas avós, mães, tias, primas, etc. Não vou citar nomes porque já tenho tretas demais nessas costas (nem tão) velhas. 

Uma curiosidade interessante é que a maioria dos wiccanos são homossexuais (talvez como uma forma de sair do sistema patriarcal?). Entretanto, isso acaba sendo contraditório quando lembramos que Gardner, o seu fundador, era extremamente homofóbico e não aceitava homossexuais em seus círculos pois não podiam comungar (fazer o papel do sagrado masculino). Gardner, aceita as gay é pra poucas a cara no sol mana. 

Não vou me estender muito no assunto wicca, mas a mensagem principal é: A wicca não é a única forma de bruxaria e muito menos a mais conceituada. A wicca é a forma mais nova de bruxaria e que se baseia em diversas outras tradições de bruxaria que o Gardner participou. 

IGREJAS DE BRUXARIA E ASSOCIAÇÕES BRUXAS


Bom, eu realmente nem sei muito o que fala desse tipo de instituição. As instituições que tratam disso visam legitimar práticas wiccanas e bruxas, para que seja mais seguro e evite casos de estupros, entre outras coisas. 

O problema ai é o seguinte: Vocês lembram do que eu falei do caráter herético da Bruxaria? Tentar validar o clã do outro é ferir o principio da bruxaria, o principio do segredo de cada tradição. Além disso, esse tipo de órgão visa a união de todos os bruxos, o que seria um caos porque todos eles se odeiam e querem se matar na gilete.

É importante ressaltar que a Wicca “mão-direitizou” a bruxaria, que é totalmente centro-esquerda. Portanto, todo tipo de união de tradições e fiscalização não representa as outras formas de bruxaria além da Wicca. 

A BRUXARIA AFRO: HOODOO E MATRIZ AFRICANA


Quanto os negros africanos vieram para o Brasil forçadamente na condição de escravos, não tinham uma religião em comum. As vezes temos uma visão errônea e muitas vezes preconceituosa de globalizar religiões e povos africanos, mas os negros vieram de regiões muito diferentes, e trouxeram sua cultura e religião consigo. Por serem muito próximas, acabavam tendo elementos parecidos (Assim como as divindades da Europa e Asia Menor), mas não eram a mesma.

Essa estratégia de levar várias pessoas de regiões diferentes para um mesmo local foi usada para desestabilizar quem pudesse restar de resistência. Mas especialmente na América latina e no Haiti aconteceram um fenômeno único: Ao invés de um caminho se sobrepor ao outro, os vários se juntaram inclusive com as crenças regentes no local. 

No caso do Brasil foi criado o candomblé (e diversos outros caminhos atualmente) e no Haiti principalmente o Vodu. 

Esses caminhos tiveram uma forte influência da magia pagã de suas terras natais, assim como influência da religião cristã que vigorava na época. Entendo o trabalho com ervas e com os elementos da natureza, as mães de santo continuavam seus trabalhos passando o conhecimento oral através de histórias, filosofia e principalmente a culinária que até hoje é tão reconhecida. 

Assim como as curandeiras e mães de santo, no Haiti existiem os sacerdotes que desenvolviam seus trabalhos. Com o passar do tempo, o Vodu acabou se misturando com a Bruxaria Europeia e o misticismo indígena, se transformando numa vertente magicka conhecida como Hoodoo, sendo este dividido em Conjure (Feitiçaria) e Rotwoork (trabalho herbal). Mas poderiam essas práticas serem chamadas de bruxaria?

Bom, para entender essa questão devemos lembrar que bruxaria foi um termo criado para designar pessoas que não atendiam a ordem religiosa regente, sendo perseguida principalmente na idade média. Essa era uma forma de opressão e apagamento: Se você pega todas as religiões e chama tudo de bruxaria, quer dizer que tudo é um só, tudo é igual, tudo é do diabo.

A partir de meados do século passado, a palavra Bruxaria (com muito sacrifício) foi ressignificada e passou a se tornar algo bom, voltando a reintegrar a cultura popular por meio de livros (As ficções mesmo) e por meio de religiosidades que surgiram na mídia como já falado. 

Portanto, “Bruxaria” é um termo europeu e branco, não aplicável a religiões indígenas e afro. Mesmo tendo qualidades muito próximas da bruxaria (e as vezes idênticas), essas vertentes tem seus próprios nomes e não tem porque utilizar um outro. 

Concluindo...


A Bruxaria como já sabemos, é um oficio e não está ligada a nenhuma pratica religiosa em si e repugnada por diversas culturas pela história, incluindo a romana que acusava os cristãos de praticarem a tal bruxaria. Entretanto, algumas religiões possuem sua ritualística indissociável da bruxaria, como algumas formas de BT que cultivam em sua cultura o oficio da bruxaria. 

No Brasil, temos uma mania terrível de pender a bruxaria e estar a todo tempo querendo mostrar o seu lado bom e a Bruxaria nunca foi vista com bons olhos porque nunca quis. Ela é um caminho das sombras, um caminho marginal e que não deve nada a nenhum outro. Não temos formas de legitimar a tradição de bruxaria do outro. Cabe a cada um o senso do que deve ou não deve ser feito, e tentar impedir isso (por mais bondosa que seja a causa) é uma ofensa a essência da bruxaria, que é a liberdade. 

A única coisa que tenho a dizer aos iniciantes é: Observam bem onde estão se metendo. A duvida é primordial para o crescimento, e duvidar nos da a proteção que precisamos para atingir o nosso objetivo sem sermos barrados por charlatões que pregam uma bruxaria bondosa e saladas místicas que não existem. Sempre que for tentar alguma tradição, procure seus prós e contras. Um pé atrás (Ou na frente, neste caso) nunca fez mal a ninguém.


Livros que indico:
De Camelot ao olimpo. Livro que fala sobre religião comparada da Europa e Asia Menor.

Posts indicados:
Um caminho diferente da wicca
Sobre o moralismo que não nos deixa
Certo? Errado? Aceitável! 







HEUSTAM (Lucas Oliveira) cursa nutrição na União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME). Se diz pagão. Acredita que a ordem gera o caos, e por consequência o caos gera a ordem. Ama o fogo, e como ele, gosta de consumir tudo ate o fim. Adora selvagerias e qualquer coisa que seja tribal. Raríssimas vezes discute seu ponto de vista, por que se cansou de perder tempo discutindo.

quinta-feira, setembro 18, 2014

Edital para Antologia de "Dia das Bruxas"




A Bruxaria Hipster quer promover a literatura pagã, mágica e bruxa.
Por isso, encabeça sua primeira antologia de “Dia das Bruxas” com autores ligados ao ocultismo, paganismo, entre outras correntes e vertentes. A ideia é fornecer literatura de qualidade e anunciar novos escritores no meio pagão.
Você é um escritor? Pagão? Então se liga:

1) PARTICIPAÇÃO
1.1.  A antologia “Dia das Bruxas” é promovida pela página Bruxaria Hipster (criada por Breno Loeser) e pelo seu blog (criado por Yule Travalon [Travanás] & Thiago Souza [Hekator]).
1.2. Poderão participar da antologia todos aqueles que se professam pagãos, bruxos, magos, feiticeiros, espiritualistas, etc. Sejam residentes do Brasil ou fora deste, mas que possuam como língua mater a língua portuguesa.
1.3. Das características da antologia: A antologia “Dia das Bruxas” receberá única e exclusivamente contos e crônicas cujo tema se passe no dia das bruxas e estejam vinculados com o paganismo e ocultismo (instrumentos, práticas, feitiços, lendas, enfim, vale brincar com o imaginário popular e soltar a criatividade, entretanto, que haja referências claras sobre a proposta, que é apresentar elementos reais dentro de um conto e crônica).
1.4. Poderão participar da antologia autores com mais de dezesseis anos.
1.5. Poderão ser enviados mais de um conto\crônica por pessoa (mas, avisamos de antemão que apenas publicaremos um deles, o que considerarmos que se encaixa melhor na proposta da antologia ou que se diferencie genuinamente dos demais selecionados.
1.6. A participação será gratuita aos selecionados, como o projeto não prevê lucro, os participantes não receberão exemplares ou quantia em dinheiro, mas terão seus nomes, contos e crônicas divulgados pela Bruxaria Hipster. Nosso intuito é estimular a produção de uma literatura de realismo fantástico, fantasia e ficção pagã e bruxa.
1.7. Não estaremos aceitando fanfics de livros ou filmes, que fique claro.
1.8. A antologia contará com 20 contos. Serão selecionados, ao todo, DEZ AUTORES, que juntamente aos dez convidados especiais da Bruxaria Hipster (entre eles Diego King, Odir Fontoura e Leonardo Chioda), formarão parte dos 20 participantes da antologia “Dia das Bruxas”.
1.9. Deixamos claro que esse projeto não prevê lucro. Ao final, a antologia será lançada pela Amazon e por uma editora independente, a quem desejar adquirir o livro físico. No caso da Amazon, o livro ficará completamente gratuito. No caso da editora independente, o livro terá o preço de fábrica, não ficando nada para os organizadores ou autores.

2) ACEITAÇÃO
2.1. Serão aceitos contos e crônicas em língua portuguesa (de autoria do candidato), da temática pertinente à antologia, com limite máximo de 10 páginas (formato A4 do Word); Fontes: Georgia tamanho 11 ou Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5 entre linhas. Justifique o seu texto, por favor.
2.2. NÃO serão aceitos contos e crônicas que NÃO se passem no dia das bruxas ou que não contenham os elementos que façam referências ao paganismo, ocultismo, bruxaria, etc.
2.3. NÃO aceitaremos esboços de ideias, resumos para os contos ou contos incompletos. Estamos em cima do prazo e não teremos tempo para esse feedback. Acaso tenha dúvidas, mande-as diretamente para a página, que prontamente responderemos.
2.3. Os contos deverão ser enviados para o e-mail: (blogbruxariahipster@gmail.com) junto com os dados de inscrição.
2.4. Os contos e crônicas inscritos deverão contemplar, obrigatoriamente, os seguintes elementos:
a) A narrativa deve se passar no DIA DAS BRUXAS; o tempo (manhã, tarde, noite, madrugada, idade média, idade moderna, contemporânea, etc) e espaço fica a critério do autor;
b) Possuir, em sua narrativa, elementos do paganismo, ocultismo ou bruxaria (servos astrais, lendas urbanas, instrumentos mágicos, rituais, maldições, invocações, referência aos deuses ou à mitologia, reencarnação, entre outros temas, citamos esses apenas para despertar sua imaginação);
c) A narrativa pode ser tanto em primeira quanto em terceira pessoa;
d) Não ultrapassar as 10 páginas em A4 do Word.
2.5. Não serão aceitos os contos que:
a) Tenham sido produzidos por terceiros;
b) Contos que ultrapassem o limite estipulado de páginas;
c) Que não venham formatados de acordo com a exigência da antologia;

3) SELEÇÃO
3.1. Os contos e crônicas serão avaliados pelos organizadores da antologia. Eventualmente poderão ser feitas avaliações por leitores betas (um conto para um leitor beta) que não serão identificados. A avaliação se dará pelos seguintes critérios:
a) Criatividade e originalidade do enredo;
b) Adequação do enredo ao tema proposto – Dia das Bruxas.
c) Uso de boa gramática e ortografia;
3.2. NÃO daremos parecer sobre os contos e crônicas que não forem selecionados. Podemos esclarecer, eventualmente, se alguma norma não foi empregada.
3.3. Ao se inscrever para a antologia de “Dia das Bruxas” o autor autoriza automaticamente a veiculação de seu conto pela Bruxaria Hipster e seus organizadores. O conto permanecerá como propriedade do autor, a Bruxaria Hipster NÃO reivindica os direitos autorais. Entretanto, após publicação da obra, o autor não poderá retirar seu conto da mesma;

4) INSCRIÇÕES
4.1. As inscrições para a antologia de “Dia das Bruxas” estarão abertas no dia 18 de SETEMBRO de 2014 e serão encerradas à meia noite do dia 20 de OUTUBRO de 2014. A inscrição será aceita apenas pelo e-mail, não mande material para a página, apenas dúvidas;
4.2. Confira o formulário de inscrição na parte 6 desse formulário.
4.3. As inscrições são gratuitas.
4.4. Em caso de fraude comprovada, o conto será excluído automaticamente da antologia, mesmo depois de sua publicação – a pessoa não poderá mais participar dos projetos da Bruxaria Hipster como grupos de estudo, antologias futuras, etc.
4.5. Os participantes concordam em autorizar, pelo tempo que durar a antologia, que a BRUXARIA HIPSTER faça uso de seu conto ou crônica, para a divulgação da antologia “Dia das Bruxas”, sem nenhum ônus para os organizadores, e para benefício da maior visibilidade da obra.

5) OUTRAS INFORMAÇÕES
5.1. Estamos disponíveis para esclarecer dúvidas pela página da Bruxaria Hipster.
5.2. Para todos os efeitos legais, os participantes da presente antologia “Dia das Bruxas” declaram serem os legítimos autores dos contos e crônicas escritos e garantem que são inéditos. Isentam a Bruxaria Hipster de qualquer bate cabelo que ocorrer.
5.3. A ordem dos contos e crônicas será discutida com os AUTORES CONVIDADOS.
5.4. A Bruxaria Hipster reserva-se ao direito de excluir qualquer conto ou crônica posteriormente que tenha burlado o regulamento;
5.5. Sua participação nesse projeto não garante participação nos próximos;
5.6. A participação nesta antologia implica na aceitação total e irrestrita de todos os itens deste regulamento;

6) FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO
a) Nome completo do autor e do conto;
b) Data de nascimento;
c) Endereço eletrônico (e-mail ou perfil privado no facebook), esse endereço será inserido em “contatos” no livro, então, que seja algo público. Não aceitaremos páginas ou blogs como endereço eletrônico;
d) Informação de onde e como ficou sabendo da antologia;
e) Trabalhos anteriores (livros, contos e crônicas publicados por editoras, acaso os tenha);
f) Site ou blog e pequeno resumo sobre este;
g) Mini biografia de no máximo oito linhas;

Envie para: blogbruxariahipster@gmail.com


Observação: Ao enviar por e-mail o seu conto ou crônica, coloque em assunto o seu nome completo e o título de seu conto ou crônica; Faça uma pequena apresentação no corpo do texto; o formulário de inscrição deve ser enviado JUNTO com o conto ou crônica, ou seja, no mesmo arquivo do Word;
 
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